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Arquitetos: atelier SALAD
- Área: 88 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Kenta Hasegawa

Descrição enviada pela equipe de projeto. Um chef com estrela Michelin mudou-se para uma casa tradicional de madeira, com 90 anos de história, em uma pequena vila de pescadores na cidade de Akune, no sul do Japão. Profundamente inspirados por sua visão de mundo singular, que valoriza os materiais e tradições locais, buscamos expressar, por meio da arquitetura, o mesmo senso de identidade regional e de continuidade cultural.


As resistentes caixas de aço prateado, empilhadas no porto pesqueiro de Akune, nos causaram forte impressão. Inspirados por elas e pela abundância de peixes azuis, como cavalas e sardinhas pescadas nas águas próximas, imaginamos envolver a antiga casa com painéis de aço prateado. Esse gesto arquitetônico ousado não apenas protege o edifício contra o rigor do clima costeiro, mas também simboliza o diálogo entre preservação e transformação, fundindo o antigo ao novo.


Preservamos cuidadosamente a estrutura de madeira original, mantendo-a visível sob a nova pele metálica. Essa sobreposição cria um diálogo visual e tátil entre passado e presente, incorporando o espírito da comunidade pesqueira local e convidando à reflexão sobre mudança e continuidade.


O tradicional genkan doma — espaço de entrada com piso de terra batida que antigamente funcionava como área de recepção e cozinha — foi reinterpretado de forma a estender sua continuidade para o interior. Assim, criou-se um fluxo contínuo entre os espaços interno e externo, resultando em um ambiente semiaberto e flexível, que reflete o caráter comunitário da vila de pescadores.

Sustentabilidade e impacto social foram centrais no projeto. Ao reutilizar a estrutura existente, em vez de demolir e reconstruir, reduziu-se significativamente o desperdício de materiais e a pegada de carbono incorporada. A casa também se tornou um catalisador social, reativando uma moradia antes abandonada como um ponto de encontro que fortalece os vínculos comunitários em uma vila em processo de despovoamento.

Esta arquitetura aspira a ser um fenômeno vivo, enraizado no modo de vida local e conectando passado, presente e futuro. Demonstra uma abordagem sensível e poética à revitalização rural, oferecendo um novo modelo de como a arquitetura tradicional pode evoluir sem deixar de honrar seu patrimônio.









